O Foco e a abstração
A vida trouxe-me ao contacto inúmeras pessoas com capacidade intelectual, em muitos casos vindas de multinacionais, ótimas comunicadoras e com excelente track-record.
Ao mesmo tempo, uma parte revelou dificuldade em prosseguir missões simples, tarefas lineares ou prioridades evidentes.
Esta contradição sempre me foi enigmática. Como é que alguém capaz de se afirmar em fóruns exigentes pode mostrar insegurança em coisas elementares?
Ao fim destes anos, não tenho uma resposta. Mas arrisco:
– A escola. No meu (ainda assim ótimo) curso, estudei n variantes de psicologia. Tive, em contraponto, uma só cadeira de Marketing. Estudei imensa contabilidade e finanças, mas não estudei o suficiente gestão de tempo, gestão de projetos ou gestão de equipas.
– O ambiente empresarial ensina a não correr riscos, promove a segurança e incentiva a não decisão. Também valoriza a abstração, quando bem falante. Valoriza é, de forma incipiente, o “getting things done”.
Essa coisa chata, que é Fazer Acontecer, muitas vezes distorcida como burocracia, administrativite ou operacionalidade é realmente difícil de explicar.
Aqui, regra geral, as empresas de base familiar têm, na minha irrelevante opinião, pouco a aprender com as multinacionais.