O Foco e a abstração
Durante anos, presenciei episódios de insucesso de profissionais com experiência multinacional, quando inseridos numa empresa familiar.
A pergunta persegue-me, desde então: porque falham sistematicamente pessoas excelentes, provenientes de boas escolas de gestão, quando enfrentam um desafio, numa PME familiar?
Até ter passado por empresas familiares, associava esta realidade ao mito de que as PME são mal-geridas e incapazes de incorporar boas práticas.
Hoje, não tenho uma resposta, mas sei que a minha convicção inicial é um mito. Tendo feito em parte esse caminho com sucesso, creio que consegui reunir pistas:
1. Numa PME, temos que ser muito proactivos e estupidamente pragmáticos.O tempo corre mais depressa. Os resultados são hoje. Se há que falar com alguém, é nos próximos 5 minutos, não nos próximos 5 dias.
2. Os egos têm valorização diferente. Um ego sem conteúdo pode perpetuar-se numa empresa mais institucional. Mesmo sem caráter. Na empresa familiar, será posto de parte, mais tarde ou mais cedo.
Pode haver ainda quem pense que há economia e emprego sem empresas familiares. Mas com a prática de décadas de muitas grandes empresas de dispensar quadros seniores, não há outro caminho que não o de aumentar esta taxa de integração.